Que dor da Mãe ao receber seu Filho morto nos braços!
Somente em nossa família,
Sem arruaça no ungido Dia,
Fizemos um singelo almoço,
Nada de sinal de alvoroço.
Abaixo, a torta capixaba antes de ir ao forno. Esqueci de tirar foto depois de pronta. Fica douradinha e saborosa. Os ingredientes são bacalhau, palmito, azeitona, ovos, cebola e azeite. Pode-se incrementar de várias formas. Tem receita no Google.
Na cerimônia religiosa do Dia da Paixão do Senhor, às 15 h, fui muito abençoada. Aliás, fomos minha família e meus amigos. Momento de oração de muita unção. Todos estiveram em minhas preces. Houve espaço silencioso para que pudesse me concentrar em cada um que amo.
Santo Inácio de Loyola nos reafirmou uma máxima da Espiritualidade:
Hoje é dia da Instituição da Eucaristia, a maior prova de Amor do Mestre é não ter nos abandonado. Ele está em nós pela Eucaristia.
Quem ama de fato sente falta do ser amado, Ele não nos deixou à mercê do nada.
O Amor serve, não provura só ser servido
Só quem ama é capaz de se deixar ficar em "segundo plano".
Vivemos nas correrias do cotidiano e nem percebemos quem de fato nos ama, quem não procura benefícios próprios, quem dá sem esperar nada em troca.
Quem não vive para servir por Amor...
Não serve para viver pelo e com Amor.
Dia de parar com correias e ver, atentamente, se temos alguém precisando de um "serviço " nosso...
Pode ser nosso Amor pura e simplesmente.
Que Amor?
Num mundo onde tudo gira em torno do sexo onde as palavras têm duplo sentido?
Atenção, carinho, palavras sem grosserias, um convite para um passeio ao redor, sem gastos exorbitantes, um prato de comida aos necessitados, uma roupa que não usamos mais e está em condições perfeitas de uso ainda, um gesto de aconchego sincero, uma palavra amiga.
"As Semanas Santas de outro tempo eram, antes de tudo, muito mais compridas.
O Domingo de Ramos valia por três.
As palmas que se traziam das igrejas eram muito mais verdes queas de hoje, mais e melhores.
Verdadeiramente já não há verdes, o verde de hoje é um amarelo escuro.
A Segunda-feira e a Terça-feira eram lentas, não longas; não sei se percebem a diferença. Quero dizer que eram tediosas, por serem várias.
Raiava, porém, a Quarta-feira de trevas; era o princípio de uma série de cerimônias, e de ofícios, de profissões, de sermões de lágrimas, até o Sábado de Aleluia, em que a alegria reaparecia, e finalmente o Domingo de Páscoa que era a Chave de Ouro.
Era uma manhã fresca, serena, Luzia quebrava o silêncio do condomínio, da avenida, da orla pouco movimentada. Ela era uma das primeiras a acompanhar a solidão do mar, a ouvir o canto dos pássaros, a contemplar as flores pelos jardins e a sentir seus odores.
Pela manhãzinha, havia sentido um sabor especial na xícara de café que havia saboreado...
O sol ainda estava fraquinho, os raios solares lhe faziam carícias quentinhas.
Seu coração ingênuo, sem malícia ou astúcia, primava pela simplicidade. Tinha imaginação romântica, alma pura.
Naquele dia, abriu seu roupeiro e escolheu um short azul celeste com flores bordadas nos bolsos. Queria se sentir bela, espantar toda dor do seu coração. Uma simples peça do seu vestuário ia vesti-la perfumadamente.
Caminhou bem devagar e fez uma pausa aleatória na Praia dos Namorados.
Ouviu uma voz... virou-se descrente.
Seria fruto de sua fértil imaginação?
Ou saudade dilacerante?
Olhou, discretamente, para um lado... para outro...
Não havia ninguém ao redor.
De repente, um perfume almíscar invadiu seu olfato.
Sabia muito bem quem estava a seu lado.
Uma lágrima rolou em sua face.
Olhou para baixo disfarçando por se chegasse alguém e viesse a se preocupar ao vê-la em lágrimas.
Havia uma flor em cima de um banco no calçadão. Era vermelha... uma rosa.
Não teve a menor dúvida...
Sentiu que as florezinhas do seu short pela manhã escolhido foi um mote para o que haveria de sentir.
Só mesmo sentir.
Impossível ser diferente.
- Não é que a Semana começara mesmo Santa? pensou ela e continuou seu percurso com o único que poderia alegrar seu destino doravante: a terna lembrança do passado feliz.
A bela hora do poente, a hora melancólica da saudade e do Amor.
O dia é mais alegre, a noite mais terrível; só a tarde é a verdadeira hora das almas melancólicas.
Ah! A tarde! Oh! Poesia! Oh! Amor!
A tarde é a hora em que a natureza parececonvidar os homens ao Amor, à meditação, a saudade,ao arroubo, aos suspiros, a cantar com os anjos, a conversar com Deus."
"Tirar a tarde do mundo e o mundo será um ermo."
Juliana era uma pessoa que apreciava um ocaso, o esmorecer do sol lhe encantava, mas longe de lhe trazer um vazio, lhe enchia a alma de ternura.
Ouvia músicas e se distraia como podia.
O Silêncio lhe era fecundo, favorecia sua inspiração.
Não confundia interiorização, reflexão, com vazioexistencial.
Sabia bem que muitos se ocupavam e se enchiam de ruídos vários porque não suportavam sua própria companhia.
Ia aprendendo como vencer todo tédio aos poucos e, na maturidade, podia se debruçar sobre o autoconhecimento e a maneira de se vencer ante qualquer vazio interior.
Como dizia São João da Cruz, a "solidãopovoada" lhe deixava mais serena em meio a tanta adversidade que já vivera, vive e talvez, viverá.
Não há espaço vazio em seu coração, vácuos desnecessários ela preenche com terapias variadas.
Sabia diferenciar (aprendera com os baques da vida) nostalgia, silêncio e interiorização (que ela adorava praticar) do terrível vazio existencial.
Lutava por viver sua vida ocupando todo poço das tristezas com o amor e acolhimento ao próximo.