

Fazia muito tempo que as pessoas deixaram de enviar mimos postais.
Costumava ainda receber nos aniversários e no Natal. Era uma agradabilíssima sensação.
Numa certa ocasião, a amiga de Maia enviou a ela uma carta bem longa registrada, de forma que não pudesse dizer, mais tarde, que não recebeu.
A mensagem da carta era sobre a morte da "Obsolescência".
Maia começou a perceber que seus amigos se afastavam dela. Não entendia o porquê.
Tânia enviara a carta para não aborrecê-la com discursos intermináveis.
Levou muito tempo para que a amiga absorvesse aquela missiva.
Um belo dia, se encontraram na praia, Tânia, muito risonha, abraçou-a. Disse à Maia que estava com saudade e, para sua surpresa, Maia não reclamava de nada.
Estava calor, naquela região, um lindo céu azul radioso no firmamento contrastando com o mar sereno da temporada de verão.
Tiveram um lindo momento de confraternização e combinaram de nâo deixarem passar uma semana sem se encontrar para saborearem bons momentos juntas.
Tinham ambas mais de setenta anos e Maia aprendeu com aquela "surpresa do correio eletrônico" que a vida valia a pena de ser bem vivida com quem lhe tinha real estima.
P.S. Se alguém quiser tomar ciência do conteúdo da longa carta modificadora de atitude, clique Aqui em Obsolescência
Participo da iniciativa do amigo Marcos.
Maia deixou de ver a vida da janela... desde aquela carta... não mais morreu em vida, estava prestes a falecer até aquela carta.
"Estou a despedir-me do que fui para dar espaço ao que ainda posso ser."

Fui gerada pelo Criador para simbolizar a vida verde, a Mãe Gaia efusiva. Entretanto, muitos gananciosos resolveram me tombar sem mais nem menos. Impiedosamente, com uma motoserra, cravaram em mim e experimentei meus instantes cruciais.
Senti tanta dor, que lascinante sensação horrível!
Não queiram experimentar tal maldade.
Enquanto eles me cortavam pela raiz, acabava minha esperança e começava meu sofrimento. Sem meu tronco, não tinha resistência aos ventos, quando arrancaram abrupamente, mesmo com dificuldade, minhas raízes, vi que acabou mesmo minha sustentação, a oportunidade de me reconstruir.
Era meu fim, a derradeira história de uma pobre árvore que sonhava em produzir oxigênio à humanidade, em refrescar um pouco o povo no calor causticante, nada eu poderia fazer mais pela humanidade. Não tinha mais nutrientes, reduziram toda minha capacidade de fotossíntese. Fui reduzida ao pó, como todo ser humano mortal. Uns me puseram à lenha. outros fizeram móveis e objetos de madeira, mas minguém sabe tudo que passei ao ser cortada aos pedaços, me sentindo em destroços.
O que fazer com os efeitos climáticos que sangram catástrofes pelo mundo?
Será problema só dos governos?


Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade.
(Bauman)
"Kolaninóis" do Coral
