Tenho alguns grupos as quais pertenço e que, embora não estejamos nos encontrando pela Pandemia, conversamos no meu grupo do whatsapp particular.
O maior dilema que a melhor idade encontra é o abandono dos entes queridos. Pessoas que se ama se aproveitam do isolamento para se afastarem de fininho...
O sofrimento dos mais vividos está no auge da melancolia e decepção.
Normalmente usam whatsapp, Facebook, mas não tem um retorno dos que mais amam. São paliativos, não tem raiz no 💙.
Triste isolamento que mostra a verdade dos sentimentos. Quem é raso continua raso no trato. A dureza do vírus não amoleceu o jeito grosseiro, áspero do ser humano. O egoísmo impera ainda e apesar de. O hedonismo continua ativo. Passa-se por cima dos outros como um trator.
Uma senhora inclusive me confidenciou que se sentia um trapo.
Os jornais locais focam bastante como se encontram e dá uma dó vê-los.
E não só nas camadas sociais menos favorecidas.
Uns, para amenizarem a solidão, vão às janelas e doam bolos e pães por uma cordinha para poderem dar carinho que está sufocado, já que a quem queriam ofertar não quer receber.
Fico imaginando daqui, quando leio alguns blogs que só reclamam e, entretanto, se veem normalmente, conversam, têm um lar com pessoas morando junto, convivem como se nada estivesse acontecendo e só se privando de algumas coisas por prevenirem-se egoisticamente sem ser, necessariamente, pensando nos demais. Supermercado continuam lotados, shoppings e comércio de um modo em geral.
Os "bobos da corte", nós, ficamos isolados por termos consciência solidária.
Nossa Senhora da Piedade, da Consolação, tende piedade das amigas que não têm blog, que não há como amenizar a solidão. Não têm o dom de escrever para desopilar, da poesia para acalmar... Ficam no trabalho do lar e no artesanato para darem vazão à dor da alma deste tempo tão cruel. E o tédio vem.
Meu Estado está melhorando um pouco do alto risco, graças a Deus.
Aproveitei uma manhãzinha de céu azul outonal, bem cedo no amanhecer friozinho, desci pertinho do mar. Fiz uma pequena caminhada com blusa fina de manga pelo vento sul, de manhã.
No trajeto pelo calçadão deserto, encontro bem distante, pela primeira vez, uma vizinha do meu edifício.
Eu estava de máscara dupla, chapéu e óculos, mas ela me reconheceu e, de longe, me disse:
- Bom dia, Rosélia!
Logo lhe respondi, admirada, fazia um ano e dois meses que nunca mais encontrei alguém conhecido no calçadão.
O único triste e preocupante foi que ela estava sem máscara. Pode?
Será que estamos voltando à normalidade?
Deus permita que sim e que os insensíveis reconheçam o que estão fazendo, matando em vida os sentimentos dos que lhe amam com desculpas esfarrapadas que não convencem.
É grande demais a solidão que esta doença traiçoeira propícia. Não é a Vontade de Deus, será a falta de vacina da solidariedade, do Amor ao semelhante?
Santa Rita de Cássia, rogai por nós!
